segunda-feira, novembro 06, 2006

EXPORTAÇÃO DE MEDICAMENTOS!!!!

Esta exportação, que pretendo pôr à vossa consideração, não é a exportação de grandes quantidades de medicamentos fabricados nas fábricas Portuguesas e que são exportados, principalmente para os PALOP. Eu falo da exportação de medicamentos de marca (ex. Zyprexa), preferencialmente os caros, para os países da Europa do Norte (onde os preços são mais caros).

Será legítimo que alguns armazenistas e algumas (felizmente poucas, por enquanto) Farmácias desviem medicamentos, para exportação??

Será ético deixar um doente Português sem a sua medicação, para que alguns "artistas" ganhem umas massas colocando o medicamento nos países do Norte da Europa?? É bom lembrar que, por exemplo, o Zyprexa está imensas vezes esgotado. Esta situação só não é pior porque alguns armazenistas rateiam o produto.

16 comentários:

JFP disse...

NM estás a mexer no fogo... vê lá não te queimes... é que eles "andem" aí! (ironic mode off)

É UMA VERGONHA!

A situação está cada vez pior. Não há armazenista que tenha estes medicamentos. Dá a ideia de que todos o fazem.

É mais uma nódoa no actual sistema.

Farmasa disse...

Ora aqui está um tema muitíssimo interessante.

Confesso que este mecanismo das exportações/importações paralelas é algo difícil de compreender para quem não anda neste meio.

Todos ouvimos o ministro, bem como a ANF, sublinhar que uma das grandes vantagens do novo estatuto do medicamento era, precisamente, a maior facilidade introduzida à importação de medicamentos. Nos países do norte da Europa este mecanismo é, aliás, incentivado pelos próprios Estados, que, em alguns casos, até obrigam a que uma percentagem mínima de 5% dos produtos comprados pelas farmácias, sejam adquiridos por importação paralela.

Por outro lado, a IF tenta limitar ao máximo estes movimentos pois perdem de vender produto caro nos países nórdicos para o vender barato em Portugal. Mas mesmo dentro da IF, há uma luta entre a casa-mãe e as filiais. Em Portugal, os responsáveis querem é vender, enquantos os dirigente Europeus tentam limitar esses movimentos. É por isso que as Direcções internacionais da IF começaram a impor quotas e limitações na venda desses produtos. É óbvio que se posteriormente há exportação, o produto irá faltar no mercado.

Quanto maior a diferença de preço entre os mercados, maior será o movimento de exportação. É por isso de prever um aumento muito significativo da falta de produtos no nosso País. O abaixamento de preços decretado pelo Governo no próximo ano a isso irá conduzir, pois a IF tentará abastecer o nosso mercado com o mínimo indispensável.

Então, mas se o produto falta, porque exportam os armazenistas e algumas farmácias? Por uma razão muito simples. Ganha-se muito mais dinheiro a exportar do que a vender no mercado interno. Aqui, para se vender tem que se dar descontos às farmácias. Para exportar, dada a avidez do mercado receptor, quase não se dá desconto.

Soluções para isto? Vejam o que a Pfizer fez em Inglaterra, em que a partir do próximo ano, a única empresa que pode vender produtos Pfizer é a Alliance Boots (a casa-mãe da Alliance Unichem), aquela que é sócia da ANF no nosso País...

Por um lado andamos a berrar que não temos produto porque exportamos, mas por outro queremos importar de países ainda mais baratos que o nosso. Será isto legítimo? É assim que vamos acabar com isto? É que não tenhamos dúvidas, andamos a brincar com o fogo! Quando houver mortes devido a medicamentos contrafeitos, vamos ver de quem é a responsabilidade.

NM disse...

excelente comentário farmasa.

Ainda acrescento mais um ponto.

Quando tudo isto está ser feito e até incentivado por altas esferas do meio farmacêutico, por pessoas que andam (ou andaram) a apregoar a ética como bandeira da nossa classe, é ainda muito mais grave.

Mas, se calhar quem está errado sou eu que ainda não percebi, as vantagens para nós população de um pequeno país, de esta onda globalizadora sem limites.

JFP disse...

O Estado até agradece. Sempre aumentam as exportações nacionais...

Queremos mais, queremos mais... queremos muito mais...

Peliteiro disse...

Esta questão leva à do papel das Cooperativas.
Na sua génese esteve uma intenção de controlo da cadeia de distribuição a montante, pelos Farmacêuticos. Não tem nada de mal, pelo contrário, perfeitamente legítimo, ao contrário de que uns mais maldosos possam dizer. As Farmácias dispunham um serviço de má qualidade, a preços altos e estavam sujeitas às mais variadas manhas das "drogarias", fortes, sobre cada uma das Farmácias, actores isolados e portanto fracos. Assim nasceu a União, em Lisboa; a intenção era torná-la um distribuidor de âmbito nacional; mas logo se "enquistou" na Capital, privilegiando os custos baixos de distribuição, donde, por reacção, surgirá a Cofanor, a Norte; e por aí adiante. Ou seja, não esquecendo os insubstituíveis préstimos do sector cooperativo à Farmácia, tantas vezes relegados para plano modesto, o facto é que a União não cumpriu o destino para que fora criada e, assim, praticou o pecado original, não servindo todo o país, por razões de solidez económica.

Hoje, pelo que dizem, "não há armazenista que tenha estes medicamentos", pode-se concluir que também, e até, as Cooperativas preferem o lucro ao serviço dos seus Associados.
Ora isso é completamente contrário ao espírito cooperativo, é um completo absurdo. Eu sempre comprei, em exclusivo, a Cooperativas e como tal não deixaria de questionar este tipo de gestão, contrária aos interesses dos Associados, nos locais próprios.

Resumindo e concluindo, que já vai longo este texto:
Como permitem os Associados que situações destas aconteçam nas Cooperativas?

JFP disse...

O problema das Cooperativas está logo no serviço. Não se distinguem dos seus concorrentes em termos de preço e a qualidade do serviço é quase sempre pior. (Falo da zona de Lisboa) Senão vejamos:

1º - Praticam os mesmos preços dos seus concorrentes privados que procuram o lucro. Como instituições que não têm como fim gerar lucro, devem conseguir oferecer melhores condições. Logo aqui falham. Chegam mesmo a ter piores condições.

2º - A qualidade é pior nas entregas, na forma de atendimento e TAMBÉM NÃO TÊM OS DITOS MEDICAMENTOS.

Até parece que estamos a começar a puxar pelo fio...

Quem servem as cooperativas afinal???

Que fazem as multinacionais da distribuição com os medicamentos que comercializam? Será que não têm já um "circuito europeu" para alguns medicamentos?

E como sobrevivem as centenas de pequenos armazenistas existentes pelo país inteiro???

E como se "empolam" ou "alavancam" os números de facturação de farmácias para venda posterior???

E continuamos a puxar pelo fio....

NM disse...

caro jfp, permite-me uma correção, as cooperativas (Codifar e União) já dão melhores descontos (27,6%) do que as Multinacionais (27,2% - 27,4%). Aquilo em que falham, no meu ponto de vista, é no serviço!!

Estou a gostar deste "puxar de fio".......

Farmasa disse...

Caros amigos,

As cooperativas tiveram na sua génese uma ideia muito nobre que, se devidamente encaminhada levaria a que todos os farmacêuticos lhes comprassem. O problema é que, nas cooperativas do Sul, as Direcções tornaram-se mais interessadas em favorecer as suas farmácias e seus amigos do que verdadeiramente em pensar como melhorar o serviço prestado a todos os clientes. Como resultado verificamos que o nível de serviço por elas prestado se tem vindo a degradar ano após ano e, mesmo que possa melhorar pontualmente, nada me indica que a melhoria será sustentada.

Nas cooperativas do Norte o caso já é diferente... Aqui, os dirigentes têm-se preocupado em fortalecer as organizações e a verdade é que apresentam um serviço de elevada qualidade com preço competitivo e, em alguns casos, mais inovador que os outros.
Por aqui se vê que o resultado que se obtem das cooperativas não tem nada que ver com o modelo mas sim com a gestão que se lhe imprime.

Relativamente à questão suscitada pelo Peliteiro, deixe-me dizer-lhe que, daquilo que conheço sempre houve exportação. E as cooperativas sempre a fizeram. Agora torna-se mais premente porque há mais. E vai ser pior!

Peliteiro disse...

Pois convém saber quem faz e quem não não faz e que produtos.
No meu tempo na Cofanor fazíamos exportações, pouco, com muitas cautelas, mas nunca de produtos em que ficasse em causa o abastecimento das nossas Farmácias.
Hoje, também, não acredito que a Cofanor exporte Zyprexa ou qualquer outro produto "escasso".

De qualquer das maneiras a culpa é dos Associados que não vão às Assembleias-Gerais e que quando vão se perdem em discussões de lana caprina.

JFP disse...

Caro NM,

Desculpa-me mas a diferença de 27,6% para 27,4% é irrisória. Seguindo o princípio que atrás referi o cooperante deveria ter condições consideravelmente melhores.

Já que estamos a puxar pelo fio... e falamos de condições... que acham das condições dadas pela Consiste aos associados da ANF?

Bem Dito disse...

Muito bom dia a todos, saudaçoes académicas e afins....

Lembram-se porque é que a cooperativas foram criadas???
Alguém é do tempo das suas fundações???
Lembram-se que Portugal foi ligado de Norte a Sul (A1) à pouco mais de 15 anos????
Alguém se lembra da Estrada da Beira???
As cooperativas foram criadas regionalmente para comaltar os custos de transportes a mais de 100 Km. Era preferivel construir uma mini cooperativa com um carro a andar de aldeia em aldeia a ter uma casa grande com grandes precursos.

Alguém se lembra desse tempo??? Poucos. Logo chegou a altura de cada padre deixar de ter a sua freguesia e unirem para formarem paróquias grandes e economicamente competitivas.....

Enquanto os "donos" das cooperativas continuarem a quererem ser presidentes as mesmas vão continuar a lutar por migalhas enquanto os outros vão entrando no mercardo a grande força.

Bem Dito disse...

Cont.

Qual é a finalidade de qq empresa: LUCRO. Qualquer meio para ter lucro é viável, mas esperei que tenho mais coisa para vos contar: e tem haver com a importação paralela (IP). Mas isso fica para quem abrir um post só de IP. O pior ainda está para vir.....

O que está a acontecer em Portugal , vai começar a acontecer no leste, e mais não conto. Lembram-se do Carlos C(r)uz quando sai da primeira vez do tribunal e começou a apontar para o ceu a indicar que alguém o manda calar. é o que eu estou a fazer

NM disse...

Saúdo o regresso do ben(i)to!!!

Aqui na Blogosfera, podes falar á vontade.

JFP disse...

Grande Regresso Ben(i)to. Já sentia a falta do caro colega.

NM, a blogosfera não assim tão inocente...

Abraços.

P.S. NM abre lá o post da IP.

amcopt disse...

No próximo dia 14 de Dezembro realiza-se no Centro Cultural de Belém um seminário sobre o novo "Estatuto do Medicamento" e as implicações prácticas da aplicação do DL 176/2006 de 30 e Agosto.

É o primeiro evento, após a publicação daquele DL, a ser organizado por profissionais do sector farmacêutico para discutir este tema.

Caso estejam interessados podem obter mais informações em:

http://estatuto-medicamento.inovergo.pt

Anónimo disse...

sigam o rasto do dinheiro e sobretudo da sede de poder ... e encontram os nomes dos principais mentores deste sistema